- Não me espantam os suspiros saudosistas de Neil Young em sua autobiografia. Ele afirma ter piedade pelas novas gerações, habituadas a escutar arquivos digitais com apenas 5% de toda a potência de uma gravação analógica. Outros vão além, como a jornalista Lorena Calábria, que em seu Twitter, desabafou: “Parem de vazar tantos discos!” O que eles reivindicam é a restituição universal de uma experiência radicalmente conjectural, qual seja: comprar um disco de vinil, levá-lo para casa, escutá-lo com calma, fruindo cada sonoridade, cada detalhe da capa, o cheiro do material… Na extinção daquilo que lhe é familiar, a reação é o gesto mais previsível.
- Quais seriam os critérios objetivos que permitiriam postular a respeito da experiência alheia? Digo, o fato de que podemos tomar contato com todo um discurso baseado em critérios científicos a respeito, por exemplo, da noção de “alta fidelidade”, deveria necessariamente interditar a possibilidade de percebermos (ou até nos permitimos perceber) outros tipos e níveis de fruição, apropriacão, utilização e contemplação?
- Cultura é uma palavra hoje incomodamente atrelada não só ao grande capital, mas ao capital como fundamento inquestionável da produção de subjetividades. Sem dúvida que, para uma parcela imensa das pessoas que ouvem/consomem música, o circuito permanece atado acriticamente a esta realidade. Difícil negar, contudo, que a fragmentação e a comunicação veloz e autônoma, a despeito de sua filiação ao capital, contraria paradoxalmente a política esquálida do show business e da indústria fonográfica. Apostar em quadros hegemônicos se tornou mais difícil...
- Minha geração viveu esses dilemas como quem se encontra imerso em estado de contemplação. Nos situávamos sobre a linha limítrofe entre a trinca vinil-cassete-rádio e o surgimento da cultura digital. Fui e ainda sou um rato de sebo, além de cultivar obsessões similares as dos que reivindicam a audição à moda antiga — todas afinadas com as prerrogativas do grande capital. Contudo, não abro mão de duas convicções, ainda que não as ofereça como juízo de valor:
a) a interação entre cultura online e cultura digital abalou e pode abalar ainda mais as bases da produção e da fruição cultural depositadas sobre o valor-mercadoria. "O que isso quer dizer" e "onde vai desembocar" são perguntas inadequadas, pois não levam em consideração a correspondência simétrica entre intercâmbios possíveis que marcam a experiência contemporânea. Uma coisa é certa: isso "vai dar" em algo, contudo em algo perempto, com data, hora e local marcado.
b) a forma e a função da música no passado não se tornou obsoleta, mas corre em paralelo, compõe com outras formas — e isso diz respeito tanto à noção de “audiofilia”, como na dimensão subjetiva da experiência musical. Por exemplo, a cultura sound system, e particularmente o funk carioca, voltadas exclusivamente para a dança e a fruição dos graves, foram responsáveis por outros usos não só dos gadgets eletrônicos, como também das práticas ligadas à produção musical.
- As instâncias de avaliação mudam a todo instante, para trás e para frente, depende da posição, do observador, do calor do momento: a própria perspectiva é conflituosa. A condição contemporânea — o conflito de múltiplas perspectivas como a fórmula ontológica e política do acaso — leva o "consumidor" cultural a experimentar inclusive formas de fruição e acesso que desafiam o grande capital.
- O “conservador”, ao afirmar o presente como indigno do passado, é, ele mesmo, componente fundamental desta cifra. Mesmo a contragosto, ele conserva o sentido do tempo presente: inevitável mover-se para frente, mesmo pensando para trás...
- Por mais que uma parcela da vida tenha se modificado significativamente com a interação entre cultura digital e cultura online, ainda estamos diante de uma cifra, multiplicidade de experiências simultâneas, possíveis. Mas que fique claro: antes de um ideal de conciliação, cross-cultural quer dizer conflito.
- O “conservador”, ao afirmar o presente como indigno do passado, é, ele mesmo, componente fundamental desta cifra. Mesmo a contragosto, ele conserva o sentido do tempo presente: inevitável mover-se para frente, mesmo pensando para trás...
- Por mais que uma parcela da vida tenha se modificado significativamente com a interação entre cultura digital e cultura online, ainda estamos diante de uma cifra, multiplicidade de experiências simultâneas, possíveis. Mas que fique claro: antes de um ideal de conciliação, cross-cultural quer dizer conflito.
***
Concentrei na lista intitulada DAS GALÁXIAS tudo o que mais me pareceu essencial e impressionante em 2012, sem ordem de preferência e proveniente de formatos e naturezas diversas (CDs, singles, EPs, Soundclouds, MySpaces, Bandcamps, arquivos digitais). Depois, listo 50 discos, 100 faixas, 20 Eps/singles/splits, 20 Coletâneas/relançamentos/antologias e 20 shows.
Guia de viagem. Bula. Mapa astral. Carta de navegação. Contato. Câmbio.
***
2012: DAS GALÁXIAS
Avante, álbum e faixa – Siba (s/g, Brasil)
Do cruzamento assimétrico entre a música da Zona da Mata com o rock de Recife e da jovem guarda, nasceu Avante, mais um trabalho primoroso de Siba Veloso. Siba compõe suas canções dentro de metrificações e estruturas harmônicas da toada, do coco, do maracatu, do galope e de toda uma tradição cultural outrora relegada ao registro folclórico. Experimentando novas roupagens sonoras, com a utilização de vibrafone, tuba e guitarra, vivifica e renova o sentido dessas tradições. Além da belíssima “Qasida”, afromaracatu de espertíssimas divisões rítmicas, vale destacar os versos e o arranjo da canção-título. (http://materialmaterial.blogspot.com.br/2012/02/critica-disco-siba-avante-2012-sg.html)
FRKWYS Vol. 9: Icon Give Thank e “Happy Song” – Sun Araw, M. Geddes Gengras, The Congos (RVNG Intl., Jamaica/EUA)
FRKWYS Vol. 9: Icon Give Thank e “Happy Song” – Sun Araw, M. Geddes Gengras, The Congos (RVNG Intl., Jamaica/EUA)
“Como em um processo positivo e inesperado de desenraizamento das sonoridades tradicionais, ocorre a relativa intensificação do sentido contemplativo do canto nyabinghi e das percussões, tocadas por Roydel e Negus Johnson, amparadas pela trama difusa de violões, sintetizadores e efeitos. O trabalho magistral de edição e composição das bases empresta um recorte ordenado a este ambiente rico em sonoridades, de modo a favorecer as canções, ao que tudo indica compostas em parceria: o núcleo norte-americano encarregando-se do instrumental, enquanto os jamaicanos elaboram os arranjos vocais e as letras.” (http://www.factmag.com/pt/2012/06/04/sun-araw-m-geddes-gengras-meet-the-congos-frkwys-vol-9-icon-give-thank/)
Eli Keszler/Keith Fullerton Whitman (Split) (NNA Tapes, EUA)
“Pode-se afirmar que com pontilismo de “Occlusion”, Whitman se deixou contaminar pelo aspecto maquinário e frenético da percussão de Keszler, cujos elementos batizam as faixas: “Drums, Crotales, Installed Motors, Micro-Controller Metal Plates” ou “Bowed Crotales, Snare Drum”. Mosaicos sonoros compostos por timbres indigestos, criando momentos de grande tensão, mas sempre vigorosos.” (http://materialmaterial.blogspot.com.br/2012/04/minicronicas-discograficas-18.html)
Tropicália Lixo Lógico – Tom Zé (Passarinho, Brasil)
“Com Tom Zé, aprende-se de saída que a teoria não é privilégio da academia. Arrancando desabusadamente o exercício teórico da pesquisa universitária, Tom Zé fomentou sua convergência com a poesia e a música como forma de promover uma dupla emancipação: a canção deixa de ser prisioneira dos temas fáceis e recorrentes, ao passo que a teoria pode galgar outras perspectivas, sem necessariamente prestar contas aos afiançadores do saber. A canção é, neste sentido, a catalisadora desta inversão de valores. Com seus procedimentos anárquicos, Tom Zé nos mostra que se a canção de fato morreu, foi de tanto rir.” (http://materialmaterial.blogspot.com.br/2012/11/tom-ze-tropicalia-lixo-logico-2012.html)
Chimerization – Florian Hecker (eMego, Áustria)
Ainda que o discurso nostálgico-saudosista prevaleça em muitos âmbitos, há sempre que se atentar para o trabalho de artistas que pesquisam e inventam algo para além da referência e da “retromania”. Como, por exemplo, Florian Hecker. Em seu último e desafiador trabalho, Chimerization, Hecker propôs colaboração com o escritor e filósofo iraniano Reza Negarestani, resultando em um libreto experimental intitulado “The Snake, the Goat and the Ladder (A board game for playing chimera)”. Recitado por um grupo de pessoas em três línguas diferentes (alemão, inglês e farsi), gravado por Hecker em uma câmara anecóica e manipulado com técnicas psicoacústicas, o trabalho tem por objetivo estimular no ouvinte, após audições sucessivas, o que está descrito no release como uma “audição ativa”. O procedimento resultou na desfragmentação criativa da palavra falada, borrandos as fronteiras que sustentam a preeminência identitária da linguagem sobre a técnica e os objetos da percepção.
Bish Bosch e o videoclipe para "Epizootics!" – Scott Walker (4AD, Reino Unido)
“É certo que Walker sobreviveu a quase todos os artistas que influenciou, o que nos autorizaria a atribuir-lhe esta propensão à demiurgia. Mas convém manter a singularidade de Bish Bosch, mesmo em relação ao autor que a tornou possível. Em uma época em que a performance e as demais possibilidades de criação artística são justapostas, fustigando os gostos mais conservadores, Bish Bosch pode até soar excessivo, disforme, doidivanas para além do tolerável. Mas dificilmente se pode negar que manifesta de forma contundente algo raro neste mundo tomado por conflitos e degeneração, qual seja: a decantada e indomável necessidade de ‘ir-além’.” (http://materialmaterial.blogspot.com.br/2012/12/scott-walker-bish-bosch-2012-4ad-reino.html)
“Mbeuguel Dafa Nekh” – Mark Ernestus Jeri-Jeri with Mbene Diatta Seck (Ndagga, Reino Unido/Senegal)
Do Senegal, o mbalax do grupo Jeri-Jeri e da cantora Mbene Diatta Seck. Da Alemanha, Mark Ernestus em busca de outras células rítmicas para suas viagens sonoras. Após a audição, muitas dúvidas: como os percussionistas marcam o tempo do mbalax? Como ocorrem aquelas mudanças repentinas, como se o andamento prosseguisse, mas o ritmo… atrasasse!? Os mistérios não são poucos nem pequenos, confirmados com outro single formidável, contendo “Xale”/”Daguagne”. Mas o aparecimento de “Mbeuguel Dafa Nekh” certamente constituiu o carro-chefe do selo Ndagga, fundado por Ernestus especialmente para a empreitada.
Metal Metal – Metá Metá (Desmonta, Brasil)
“A armadura instrumental pode não deixar dúvidas, mas o que fazer diante do fato de que as dúvidas simplesmente desmoronam? Basta assimilarmos uma realidade improvável, segundo a qual teriam marcado encontro na mesma encruzilhada, sob a bênção de todos os orixás, a radicalidade do improviso jazzístico de Peter Brötzmann, o peso do Black Sabbath, os afrosambas de Vinícius e Baden Powell, os detritos sonoros do drone, os ruídos no wave, a pegada do punk e do metal, a música da umbanda e do candomblé, as dissonâncias de Arrigo e Sonic Youth, a pujança do tambor de mina, da ciranda, da umbigada, o canto das três raças, o cinema falado, a escola de samba e a onipresença de Benedito João dos Santos Silva Beleléu, vulgo Nego Dito, cascavé, ensinando a bater cabeça no sobressalto do afoxé, e a fazer riff de metal no galope acertado de um “batuque” de cordas e sopros…”
O texto acima foi publicado no Matéria por ocasião dos shows do grupo no Rio. Abaixo, uma apresentação que aguçou o interesse pelo trabalho. Baixe o disco aqui.
(http://desmonta.com/noticias/meta-meta-metal-metal-dsm012/)
O texto acima foi publicado no Matéria por ocasião dos shows do grupo no Rio. Abaixo, uma apresentação que aguçou o interesse pelo trabalho. Baixe o disco aqui.
(http://desmonta.com/noticias/meta-meta-metal-metal-dsm012/)
Kadior Demb – Royal Band de Thiès (Teranga Beat, Senegal)
A história segue um rumo comum nos dias de hoje: pesquisador e DJ grego Adamantios Kafetzis vai parar em Thiès, cidade pequena a 40 milhas de Dakar, Senegal. Lá, se depara com a Royal Band de Thiès e seu representante, o cantor Adam Seck (ou Secka), que fundou o grupo em 1972 com Mapathe Gadiaga. Ao DJ é revelado os fonogramas originais de Kadior Demb, primeiro álbum da banda gravado em 1979, porém nunca lançado. Esse percurso já é familiar (já vimos acontecer com Tinariwen, Konono, Mulatu, Amadou e Mariam, etc), mas estamos diante de verdadeiros virtuoses da polirritmia, que se esmeram nas tramas intrincadas do mbalax sem abrir mão da fluência nervosa e empolgante do improviso jazzístico.
Chelpa Ferro 3 e “Mesa de samba” – Chelpa Ferro (Mul.ti.plo, Brasil)
“…na primeira faixa, “Mesa de samba” (2009), o som é gerado por um aparelho montado com máquina de costura, arame, molinete de pesca, mesa de madeira, caixa de bateria e dímer. Quando o circuito é acionado, agita o fio de arame de forma a percutir sobre a caixa, gerando um batuque aleatório, realçado pelo zumbido da máquina. Por cerca de doze minutos, as guitarras de Arto Lindsay e Pedro Sá redobram a irregularidade das configurações rítmicas, conduzindo a tensão do improviso através da utilização de microfonias, acordes soltos e ruídos.” (http://materialmaterial.blogspot.com.br/2012/11/chelpa-ferro-chelpa-ferro-3-2012.html)
Shields, especialmente “Sleeping Ute” – Grizzly Bear (Warp, EUA)
De uma forma geral, considero Shields um disco à altura da discografia do Grizzly Bear, mas o aporte de “Sleeping Ute” sobressai em comparação não só ao que de melhor o grupo produziu até agora (“Lullabye”, “Plans”, “I Live With You”, “Ready, able”, “Cheerleader”), como indica possibilidades promissoras. Me refiro não somente à apropriação do folk rock americano dos anos 60 e 70, à invulgaridade dos climas, excelência na composição, instrumentação eficaz, mas também uma aproximação com os ritmos quebrados e com as modulações cada vez mais sutis da canção de Daniel Rossen.
“Kindred” – Burial (Hyperdub, Reino Unido)
“A cada lançamento, Bevan mostra que é mais do que um liquidificador de influências passadas, mais do que o hype que cerca seu nome, mais do que “a cena” pensa que ele é. Antes, parece que o produtor é, sobretudo, um desbravador, tal como os artistas do Juke, tal como Konono N.01, ou Shackleton, por exemplo. Uma espécie de cientista maluco em busca de batidas imperfeitas, degradadas, carregadas pelo pó dos automóveis, pela chuva eterna e pelo niilismo sombrio que alimenta os grandes centros urbanos europeus do século XXI.” (http://www.factmag.com/pt/2012/02/24/burial-kindred/)
Highlife Roots Revival e, especialmente, “Owusuwaa” e "Old Man Plants a Coconut Tree" – Koo Nimo (Riverboat, Gana)
Nascido em 1934 na região Ashanti de Gana, Koo Nimo foi para Londres, onde estudou ciências e buscou versar-se em uma série de gêneros musicais, desde o jazz até guitarra flamenca, etc. Hoje aos 80 anos, ele é o maior representante de uma vertente ancestral do highlife, a música palm wine (maringa, na Sierra Leona), cuja riqueza rítmica e melódica pode ser apreciada nesta gravação. Gravado em Accra, no intervalo de sua residência na Universidade de Washington, Highlife Roots Festival conta com a presença virtuosa do violão, percussões expressivas e cantos corais que entoam as melodias melancólicas criadas por Nimo. Gravada em homenagem à sua esposa que morreu em 1973, logo após perder o filho no parto. Ouça uma entrevista com o músico aqui.
“Sudden Moment” (Merzbow remix) – Neneh Cherry & The Thing (Smalltown Supersound, EUA/Suécia/Noruega/Japão)
***
2012: 50 ÁLBUNS
![]() |
Aaron Dilloway |
Actress – RIP
Alexei Lubimov, Natalia Pschenitschnikova – John Cage: As It Is
Andy Stott – Luxury Problems
Black Pus – Pus Mortem
Catherine Christer Hennix & Chora(S)San Time-Court Mirage – Live At The Grimm Musem: Volume One
Chicago Underground Duo – Age of Energy
Chinese Cookie Poets – Worm Love
Dirty Projectors – Swing Lo Magellan
![]() |
Dona Onete |
Dona Onete – Feitiço Caboclo
Dr. John – Locked Down
Ekoplekz – Skalectrikz
Eli Keszler – Catching Net
Eliane Radigue – Feedback Works
Fausto Romitelli – Anamorphosis
FAY – Din
Fenn’O Berg – In Hell
Fushitsusha – Mabushii Itazura Na Inori
Hafez Modirzadeh – Post-Chromodal Out!
![]() |
Hafez Modirzadeh |
Janka Nabay & The Bubu Gang – En Yay Sah
Jim O'Rourke – Old News #8
John Zorn – Rimbaud
Keiji Haino, Stephen O'Malley, Oren Ambarchi – Nazoranai
Keiji Haino, Jim O'Rourke, Oren Ambarchi – Imikuzushi
Kevin Drumm – Relief
Keyvan Chemirani – Melos: Mediterranean Songs
Kim Kashkashian – Kurtág/Ligeti - Music for Viola
KTL – V
LHF – Keepers of the Light
![]() |
Madteo |
Maga Bo – Quilombo do Futuro
MarginalS – MarginalS 2
Mariel Roberts – Nonextraneous Sounds
Moritz Von Oswald – Fetch
Mats Gustafsson, Paal Nilssen-Love, Mesele Asmamaw – Baro 101
Peter Brötzmann, Jason Adasiewicz – Going All Fancy
Psilosamples – Mental Surf
Raime – Quarter Turns Over a Living Line
![]() |
Staff Benda Bilili |
Rhodri Davies – Wound Response
Ricardo Villalobos – Dependant And Happy 1 and 2
Shackleton – Music for the Quiet Hour/The Drawbar Organ
Staff Benda Bilili – Bouger Le Monde
Stephen O’Malley & Steve Noble – St. Francis Duo
The Caretaker – Patience (After Sebald)
The Orb (feat. Lee Scratch Perry) – The Orbserver in the Star House
THEESatisfaction – Awe Naturale
Weasel Walter, Mary Halvorson, Peter Evans – Mechanical Malfunction
2012: 100 FAIXAS
“128 Harps” – Four Tet
“37/3d” - Mark Van Hoen
“A bossa nova é foda” – Caetano Veloso
“A porrada come” – MC Beyoncé
“Alteração (Éa!)” – BNegão & Os Seletores De Frequência
“Applesauce” – Animal Collective
“Ascoltare Durante Il Pranzo Dopo la Noia” – Bemônio
“Ayesama” – Ebo Taylor
"Bakk Off" (feat. AK) – DJ Rashad
"Bakk Off" (feat. AK) – DJ Rashad
“Banished” – JJ Doom
“Big Beast” (feat. Bun B, TI, Trouble) – Killer Mike
“Biz R Us (Whore Powers Resolution)” – Madteo
“Black Metal Instrumental Intro Demo” – Russell Haswell
“Car” – Holly Herndon
“Cavity” – Rrose
“Chorumelody” – Psilosamples
“Clutch” – Pearson Sound
“Cranial Tap” – Sir Richard Bishop
“Crystalline” (Current Value Remix) – Björk
“Cuba Electronic” – Mala
“Dance for You” – Dirty Projectors
“Destroy Him My Robots” – Young Smoke
“Die Schwarze Massai” – Ricardo Villalobos
“Ela Tá Beba Doida (beba Doida)” – Gaby Amarantos
“En la mano del payaso” – Chinese Cookie Poets
“Eu não estou dentro do seu copo” – Beach Combers
“Evidence” – Carlos Giffoni
“Flux” – Christina Kubisch
“F'Off” – Wiley x Flowdan x Riko x Manga
“Formations” (Tristan Perich) – Mariel Roberts
“Four Gardens” – Julia Holter
“Hadue” – Kyoka
“Honey Badger” – EPROM
“How We Relate to the Body” – Jam City
“Hustle Bones” – Death Grips
“I Go Boom” – Addison Groove (DJ Rashad remix)
“Immigrant Visa Part II” (feat. MC Zulu) – Maga Bo
“Issue Generator” (for Eliane Radigue) – Keith Fullerton Whitman
“Jardin” – Actress
“Kill Me with Bongo” – Janka Nabay
“Kippschwingungen part 8” – Frank Bretschneider
“Kuluna/Gangs” – Staff Benda Bilili
“Laid Back” – FaltyDL
“Last Spring: A Prequel” – KTL
“Lurch” – Pole
“Madrid” – Eleh
“Maelstrom” – Steinvord
“Máquina de Ritmo” – Gilberto Gil
“Maybe That Was It” – Dirty Projectors
“Mean Streets Part 2” – Falty DL
“Meikyu” – Voices From The Lake
“Mestiça” – Gaby Amarantos (com Dona Onete)
“Meteorango Kid” – Psilosamples
“Meu Gosto Abraçado À Ilusão” – Leandro Lehart
“Meu Namorado é Maior Otário” – MC Carol
“Morfo” – Duplexx
“Nikels And Dimes” – Gonjasufi
“O sino da igrejinha” – Sambanzo
“Occlusion” – Keith Fullerton Whitman
![]() |
THEESatisfaction |
“Patrya” – Negro Léo
“Pirol” – Pole
“Please Forgive My Heart” – Bobby Womack
“Pulso” – Sobre a Máquina
“QueenS” – THEESatisfacton
“Questions Of Middle Distance” – Rhodri Davies
“Rello” (Hodgy Beats, Domo Genesis, Tyler The Creator) – Odd Future
“Ribeirão” – Rodrigo Campos
“Rima do angolano” – Amiri
“Sebenza” (feat. Okmalumkoolkat) – LV
“Seeds” – Georgia Anne Muldrow & Madlib
“Shadow I” – FAY
“Shatter All Organized Activities (Eat The Rich)” – Aaron Dilloway
“She’s IN Insurgency (Steve’s Lunch Blues)” – Drainolith
“Silent Song” – Daniel Rossen
“Silver Rain” – Ekoplekz
“Somebody” – Janka Nabay & The Bubu Gang
“Son Of A Bitches Brew” – Acid Mothers Temple & The Melting Paraiso U.F.O.
“Ssseeeeiiiiii” – Ben Vida
“Steelz” – Amen Ra and Double Helix
![]() |
Janka Nabay |
“Streuung Ein Winterabend In Der Bowman Suite” – Atom™
“Tapenade” – Pursuit Grooves
“The Blues (It Began In Africa)” – Romare
“The Glass Axe” – Alexander Tucker
“The Metallurgist” – Squarepusher
“The Praetorian” – Shed
“The Rakehell” – Earth
“Toman Teti M’Ba Akala” – Sierra Leone's Refugee All-Stars
“Trace” (featuring Sakamoto) – Fennesz
“Treme Terra” – Curumin
"Up the box" – Andy Stott
“V2” – Carter Tutti Void
“Vão” – Sobre a Máquina
“Venice Dreamway” – Dean Blunt and Inga Copeland
“War Time” – Hot 8 Brass Band
“Weird Ceiling” – Zammuto
“Who” – David Byrne & St. Vincent
“Wish You Better” – Shackleton
“WIXIW” – Liars
“Woy tiladio” – Sidi Touré
“Yangisa” – Moritz Von Oswald
“Zincali” – Kelan Philip Cohran And The Hypnotic Brass Ensemble
2012: 20 EPS/SINGLES/12''/SPLITS
2562 – Air Jordan EP
Addison Groove – DJ Rashad/Doc Daneeka Remixes 12”
Burial + Four Tet – Nova
Deepchord – Tonality Of Night
Diamond Version – EP1
Diamond Version – EP2
Falty DL – Mean Streets Part 2
Hype Williams – London 2012
Jameszoo – Faaveelaa EP
M. Takara – Baladas EP
M. Takara – Fantasma EP
Peaking Lights – Lucifer in Dub
Pole – Waldgeschichten 2
Pole – Waldgeschichten 3
Romare – Meditations on Afrocentrism
Shed – The Praetorian/RQ-170 12”
SND/NHK – Split
Steinvord – Steinvord Ep
Throwing Snow – Clamor EP
Ugandan Methods – A Cold Retreat
2012: 20 COLETÂNEAS/RELANÇAMENTOS/ANTOLOGIAS:
Akos Rozmann – 12 stationer VI
Can – The Lost Tapes
Captain Beefheart – Bat Chain Puller (2012 [1976]; Zappa, Eua)
Charles Mingus – The Jazz Workshop Concerts 1964-65
Eric Dolphy Quartet In Europe. The Complete 1961 Copenhagen Concerts
Eleh – Retreat, Return, Repose
F.C. Judd – Electronics without tears
Guelewar – Touki Ba Banjul: Acid Trip from Banjul to Dakar
John Cage/David Tudor: Shock Vol. 1, 2 e 3
John Cage/David Tudor: Shock Vol. 1, 2 e 3
Tod Dockstader – Electronic Vol. 1 – Recorded Music For Film, Radio & Television
Le Super Borgou De Parakou – Bariba Sound
The Funkees – Dancing Time, The Best Of Eastern Nigeria’s Afro Rock Exponents 1973-77
Regis – Death Head Said
Steve Lacy – The Sun
Sufjan Stevens – Silver & GoldSteve Lacy – The Sun
William Basinski – The Disintegration Loops Vinyl Box Set
2012: 20 SHOWS
Edwin Prévost e John Butcher – CCSP/SP
BNegão e Marcelinho da Lua – Casa Rosa/RJ
Chinese Cookie Poets – Audio Rebel/RJ
Dirty Projectors – Circo Voador/RJ
Gabriel Muzak – Audio Rebel/RJ
Gang do Eletro – Sónar SP/Anhembi/SP
Hype Williams – Novas Frequências (Beco 203/SP)
John Zorn Masada – Espaço Tom Jobim/RJ
Kevin Drumm – Audio Rebel/RJ
Kraftwerk – Sónar SP/Anhembi/SP
KTL – Sónar SP/Anhembi/SP
Metá Metá – Oi Futuro Ipanema/RJ
Mogwai – Circo Voador/RJ
Paulinho da Viola e Velha Guarda da Portela – Parque Madureira
Peter Brötzmann, Steve Noble, John Edwards – SESC Belenzinho
Pole – Novas Frequências (Beco 203/SP)
Rustie – Sonar SP/Anhembi/SP
Seun Kuti – Virada Cultural/SP
Thurston Moore – Circo Voador/RJ
Tony Allen – Circo Voador/RJ
![]() |
Hype Williams |
Bernardo Oliveira