domingo, 17 de janeiro de 2021

2020: alguns filmes




...não sei se consigo escrever sobre os filmes listados abaixo, me falta tempo. Gostaria de escrever sobre os filmes listados como dobrando a banca e singulares. De uma forma ou de outra, me chamaram atenção, uns mais que outros. Gostaria muito de escrever algo mais consistente sobre Até o fim, mas preciso ter o que dizer. Me ocorreu no momento um "cinema de gira", que roda conforme a gira, isto é, que ginga de acordo com os movimentos internos, como que invertendo o privilégio do espectador no princípio da mise-en-scène. Como seria um cinema que ginga? Wilson Barbosa escreve: "A ginga é, pois, um movimento equilibrador para aquele que a pratica; desequilibrador, para aquele que não a pratica. Ela elimina surpresas para quem a pratica; e gera movimentos surpreendentes para aquele que não a pratica." Os três filmes de Ary Rosa e Glenda Nicácio são filmes de gira e filmes que gingam dentro de uma vibração que o espectador pode ou não comprar, na medida em que é desafiado a gingar com o filme. Neste sentido, são filmes radicais. Queria muito escrever sobre Siberia, pois entendo que alguns estão tratando como porraloquice do velho Abelão um movimento raro de escavação mnemônica, de luto às avessas, de impostura estudada (no mínimo dizer que ele não tá fazendo com o von Trier o que o Gray fez com o mala Malick). Me alegra muito a simplicidade eficaz de Tempo Zawose, de Lwiza Gannibal, o único filme que admirei sem grandes reservas no IN-Edit. No Ecrã, a surpresa que foi ver A Densa Nuve, o Seio, do Vinícius Romero, um filme que finca os dois pés em uma linhagem materialista, háptica, do cinema, adaptando suas questões para o universo dos pixeis (de maneira bem diferente da que caracteriza no trabalho do Perconte p ex). Muitos dos filmes listados entre os melhores do ano pela crítica especializada não me falaram ao gosto, como Monos, Les choses qu'on dit, Les choses qu'on fait, First Cow, Martin Eden, entre outros. Enfim, por aí...

dobrando a banca
República, de Grace Passô
Até o fim, de Glenda Nicácio e Ary Rosa
Filme de domingo, de Lincoln Péricles
Cabeça de nêgo, de Déo Cardoso
Canto dos Ossos, de Jorge Polo e Petrus de Bairros
Egum, de Yuri Costa

old school
City Hall, de Frederick Wiseman
Siberia, de Abel Ferrara
O Caso Richard Jewell, de Clint Eastwood
J'accuse, de Roman Polanski
Sertânia, de Geraldo Sarno
O Colírio do Corman me deixou doido demais, de Ivan Cardoso
A França contra os Robôs, de Jean-Marie Straub

singulares
A Densa Nuve, o Seio, de Vinícius Romero
A Morte Branca do Feiticeiro Negro, de Rodrigo Ribeiro
Antes do Colapso do Mont Blanc, de Jacques Perconte
Tempo Zawose, de Lwiza Gannibal
Cavalo, de Rafhael Barbosa e Werner Salles Bagetti

cinema contemporâneo
Luz nos trópicos e É rocha e rio, Negro Leo, de Paula Maria Gaitán
A mulher que fugiu, de Hong Sang-Soo
Jóias brutas, de Josh e Benny Safdie
Undine, de Christian Petzold
Dias, de Tsai Ming-Liang
Morando nas Montanhas Fuchun, de Gu Xiaogang
Retrato de uma jovem em chamas, de Céline Sciamma


Nenhum comentário: